Poetas e Poesias Simbolistas do Brasil.

Poetas mais representativos do Simbolismo brasileiro

Em Panorama do Movimento Simbolista Brasileiro, elaborado por Andrade Muricy, contem uma lista de 88 nomes de escritores simbolistas e mais 43 pós-simbolistas. Entretanto, os mais consagrados são Cruz e Souza e Alphonsus Guimaraens. Mas além desses, podemos citar Euclides da Cunha, Emiliano Perneta, Augusto dos Anjos, Pedro Kilkerry entre outros.


Cruz e Souza:


Nasceu em Florianópolis, Santa Catarina, em 1861.  Filho de escravos foi amparado por uma família aristocrática, que o ajudou nos estudos. Após a morte do seu protetor ele abandonou os estudos e começou a trabalhar na imprensa catarinense, escrevendo crônicas abolicionistas e participando de campanhas em favor da causa negra. Muda-se para o Rio de Janeiro em 1890, onde sobrevive trabalhando em vários empregos.
Ainda na juventude tem uma desilusão amorosa, ao apaixonar-se por uma artista branca, mas casa-se com Gavita, uma negra que, anos depois, manifesta problemas mentais. Dos quatro filhos que o casal teve apenas dois sobreviveram. Aos 63 anos Cruz e Sousa morreu vítima de tuberculose. Suas únicas obras publicadas quando ele ainda estava vivo foram a Missal e Broquéis.
            Os escritos de Cruz e Sousa só foram reconhecidos após o sociólogo francês Roger Bastide o colocar entre os maiores poetas do simbolismo universal.

Sua obra poética apresenta diversidade e riqueza. De um lado, encontram-se nela aspectos noturnos do Simbolismo, herdados do Romantismo: o culto da noite, certo satanismo, o pessimismo, a morte. De outro lado, há certa preocupação formal, que aproxima Cruz e Sousa dos parnasianos: a forma lapidar, o gosto pelo soneto, o verbalismo requintado, a força das imagens; há, ainda, a inclinação à poesia metafísica e filosófica, que o aproxima da poesia realista portuguesa, principalmente de Antero de Quental.
As características mais importantes da poesia de Cruz e Sousa são:

  No plano da temática: a morte, a transcendência espiritual, a integração cósmica, o mistério, o sagrado, o conflito entre matéria e espírito, a angústia e a sublimação sexual, a escravidão e uma verdadeira obsessão por brilhos e pela cor branca;

  No plano formal: as sinestesias, as imagens surpreendentes, a sonoridade das palavras, a predominância de substantivos e o emprego de maiúsculas, utilizadas com a finalidade de dar um valor absoluto a certos termos.

 Algumas Poesias:
  Monja
Acrobata da dor
Escravocratas
Antifona
Vida Obscura

Alphonsus de Guimaraens



Alphonsus de Guimaraens (nome completo era Afonso Henrique da Costa Guimarães, o qual sofreu latinização) nasceu em Ouro Preto no ano de1870.
Após a morte de sua amada prima e noiva Constança, Guimarães ainda com dezessete anos encheu-se para sempre da obsessão pela morte. Freqüentou durante dois anos a Faculdade de Direito de São Paulo, a que mais tarde voltará afim de concluir o último ano do curo, em 1994. Antes de voltar a sua província natal, visitou o Rio de Janeiro para conhecer Cruz e Sousa. Serviu como promotor de justiça e juiz substituto na comarca de Conceição do Serro e em 1906 foi nomeado juiz municipal de Mariana.
Todas as suas obras tem como tema a morte da mulher amada e todos os outros temas que explorou, como natureza, arte e religião, estão de alguma forma relacionados a morte de Constança.
            Ao explorar o tema da morte, abriu-se para ele um vasto campo da literatura gótica, recuperada por alguns simbolistas, entretanto possibilitou a criação de uma atmosfera mística e litúrgica, em que abundam referências ao corpo morto, ao esquife, às orações, às cores roxa e negra, ao sepultamento.
O conjunto da poesia de Alphonsus de Guimaraens é uniforme e equilibrado. Temas e formas se repetem e se aprofundam no decorrer de quase trinta anos de produção literária, consolidando uma de nossas poéticas mais místicas e espiritualistas.

Formalmente o poeta revela influências árcades e renascentistas, sem, contudo, cair no formalismo parnasiano. Embora preferisse o verso decassílabo, Alphonsus chegou a explorar outras métricas, particularmente a redondilha maior, de longa tradição popular, medieval e românica.
Algumas Poesias:
Ismalia 
Soneto XIX 
Catedral 

Vi no: Linguaberta